quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Death’s Head, um Herói de vários universos!

Criado por Simon Furman e Geoff Senior em 1987, o caçador de recompensas intergalático Death’s Head, no Brasil foi chamado originalmente de Devastador (em Superaventuras Marvel n° 141 da Editora Abril, publicada aqui em março de 1994) e depois a segunda versão do personagem nas HQs foi chamado aqui de Espectro (não confundir com o homônimo da DC Comics, na minissérie Guerras Mys-Tech da Editora Mythos, publicada aqui em outubro de 1999)
é um personagem original da Marvel UK, a divisão da Marvel Comics na Inglaterra.

Sua 1ª aparição oficial em quadrinhos foi em uma HQ de apenas uma página, chamada "High Noon Tex", uma tira publicada simultaneamente em vários títulos diferentes pela Marvel UK em 1987, isso foi exclusivamente apenas para para fazer sua estreia "oficial" e assim assegurar direitos autorais da Marvel sobre o personagem, pois se sua 1ª aparição em quadrinhos mesmo tivesse sido nas páginas de Transformers, o personagem poderia ser reivindicado posteriormente pela Hasbro, como parte do acordo de licenciamento entre a mesma e a Marvel. Confira a página abaixo:

Mas sua história mesmo começou a ser desenvolvida na revista Transformers UK #113 também de 1987, quando esse caçador de recompensas veio reivindicar a recompensa que Rodimus Prime tinha colocado na cabeça de Galvatron, mas foi impedido pelo próprio Rodimus; posteriormente foi contratado pelos Decepticons para caçar seu antigo contratante Rodimus Prime.
Abaixo, Rodimus Prime, Galvatron e Devastador, Três Aliens em Conflito
(Paródia do filme Três Homens em Conflito ou O Bom, o Mau e o Feio, mais famoso Western Spaghettí e o último filme da Trilogia dos Dólares de Sérgio Leone, que inclui "Por um Punhado de Dólares" e "Por uns Dólares a Mais") foi a capa de Transformers nº 117 da Marvel, publicada em junho de 1987:
 


Além de sua significativa participação nas HQs de Transformers pelo selo Marvel UK, Death’s Head, o Devastador (ou Espectro) encontrou nos quadrinhos com outro ícone da cultura pop britânica adaptado pela Marvel, o 7º Doutor da clássica série televisiva Doctor Who; ele foi contratado para captura o Doutor e sua nave TARDIS.






 













 








Nos quadrinhos, originalmente ele era tão grande quanto qualquer um dos Transformers, mas em seu encontro com Doctor Who foi estabelecido que o seu tamanho pode mudar, assim o personagem enfrentou o Quarteto Fantástico, encontrou o Homem de Ferro do futuro no ano 2020 e depois de volta aos dias atuais a Mulher-Hulk.
Em 2011 enfrentou o Hulk em uma HQ escrita por Simon Furman e ilustrada por Simon Williams:






Em 2013 a anunciada série Revolutionary War trouxe de volta personagens da então extinta Marvel UK, entre os mesmos Death’s Head II, esse aqui chamado Espectro.
Também em 2013, o personagem original começou a aparecer em "Marvel NOW!", nova linha editorial aqui chamada "Nova Marvel".
Ele apareceu em Homem de Ferro, como parte do início da série "The Secret Origin of Tony Stark" e em Avenging Spider-Man #17.
Sua primeira e única action-figure já produzida acaba de ser lançada no Brasil, parte da segunda wave da coleção Marvel Infinite Series, já está disponível nas lojas (veja AQUI), mas isso não deve durar muito, sendo um personagem interessante não só para colecionadores da linha Marvel, como também para os seguidores de Transformers, e quem diria, até para os fãs de Doctor Who.
 
 Ficha do personagem:

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Marvel: O futuro mesmo está nas outras mídias.



Um tema recente nos debates nas rodas virtuais entre leitores de HQs, surgiu do anúncio do editor Joe Quesada que o Capitão América passará seu escudo para Sam Wilson, alter-ego do Falcão, que será o novo Capitão, depois dos eventos que fazem o Capitão América perder o efeito do super-soro.
A Marvel, também, anunciou que vai substituir o Thor por uma versão feminina, e que essa não será temporária, e sim passará a ser a única existente, “A” Thor do Universo Marvel diferente de versões anteriores. Além disso, Homem de Ferro ganhará uma nova armadura, se mudará para São Francisco e passa a ser intitular como Homem de Ferro Superior.
Porém a grande polêmica em cima desses anúncios de “mudanças drásticas” não gira em torno das mesmas, mas no conceito de todas serem reciclagens de ideias já usadas no passado, e o pior, da em geral imprensa "leiga" ter comprado as premissas como algo novo e inovador.
A nova formação dos Vingadores nos quadrinhos será conhecida como Avengers NOW! A nova equipe contará com a Trindade Vingadora reformulada: "A" Thor, Homem de Ferro "Superior" e o Capitão América Falcão, além deles teremos também Dr. Estranho, Homem-Formiga, Feiticeira Escarlate (ambos estreando no cinema nos próximos anos), Soldado Invernal, Deathlok  
(em uma versão idêntica com a vista na série Agents of S.H.I.E.L.D. ), Inferno, Angela e Medusa.  


Um Capitão América negro na cronologia da própria Marvel existiu antes mesmo de Steve Rogers, na série de HQs Capitão América Truth: Red, White & Black de 2003, com roteiros de Robert Morales e arte de Kyle Baker, foi apresentado Isaiah Bradley, um soldado afrodescendente preparado para missões secretas que serviu de cobaia em um projeto para replicar a fórmula do Dr. Erskhine
Bradley sobreviveu à experiência, mas acabou descartado pouco antes de Steve Rogers ser aprovado no teste com o soro original. 
Além de Eli Bradley, seu neto, uma versão "Teen" do herói, que após uma transfusão de sangue com seu avô herdou elementos do supersoro, e com o nome Patriota tornou-se membro do grupo Jovens Vingadores.
Eli Bradley, o Patriota
Criar uma Deusa do Trovão como Thor também está longe de ser novidade original. Na linha editorial "O que aconteceria se…" da Marvel, em 1978 Jane Foster é transformada em Thordis (Cacildis); em 1999 devido a engano de Odin provocado por Loki, uma versão feminina do herói foi apresentada na minissérie Terra X, que mostra um futuro alternativo do Universo Marvel; em 2000 ainda tivemos Tarene, a Garota Thor criada por Dan Jurgens e John Romita Jr. na linha editorial regular. Sem contar Torunn, a filha adolescente de Thor no longa metragem animado Next Avengers: Heroes of Tomorrow (no Brasil, Os Vingadores: Os Heróis do Amanhã) de 2008.  

Na nova "original" premissa, algum erro do filho de Odin o torna indigno de empunhar o místico martelo Mjölnir, uma mulher ainda não revelada após erguer a mítica arma assume o papel de Thor, e o Deus do Trovão original passa a atuar com outra arma, o também místico machado Jarnbjorn. O que no meu entendimento ainda não faz muito sentido, é o fato de a personagem ser chamada “Thor”, afinal esse é o nome próprio do herói Deus do Trovão, e não um título ou codinome como Capitão América ou Homem de Ferro.

Já o Homem de Ferro “Superior” mostrará Stark com um enorme ego ambicioso, astuto e egoísta em São Francisco vendendo beleza, perfeição e até imortalidade através de uma versão em app mobile do vírus extremis. Fato que jogará o status de herói do Homem de Ferro no lixo com parte da população a favor e parte contra... Como se o pobre Tony já não tivesse sido escorraçado o suficiente em arcos de HQs como Guerra Civil...





Enfim, nada de "Novo" no reino da Casa de Ideias... Nada de ideias originais novas, apenas reinvenções de premissas já usadas anteriormente. Mas a Marvel em seu marketing feroz vende tudo como inovador, original, diferente... Porém, apesar de certamente haver ainda jovens e incautos leitores que comprarão as premissas pseudo-inovadoras, há uma proporção ainda mais significativa de outros que conhecem de cor as artimanhas caça-níqueis usadas tanto pela Marvel, como pela concorrente DC Comics; e  tais estratégias podem ser um tiro pela culatra, afastando mais leitores fiéis do que agregando novos, prova disso está na crescente queda nas vendas de quadrinhos nos EUA, já de 8% em comparação a 2013 segundo o site The Comics Chronicle, refletida em números abaixo até mesmo de 2004, considerado um dos piores anos para esse mercado.
É fato provado por bons editores e escritores que não há personagens ruins, há sim editores e escritores ruins; e lamentável quando imagino o quanto a Marvel poderia explorar melhor personagens secundários de maneira original, heróis já clássicos como o próprio Falcão, a guerreira asgardiana Valquíria ou mesmo a recém-adquirida Ângela e tantos mais similares, elevando conceitos dos mesmos também ao primeiro escalão no elenco de ícones da editora, mas sem respeitar suas características originais, optam por reinventá-los, sempre é claro de forma temporária; pois alguém duvida que é questão de tempo para tudo voltar a premissa original?

Hoje as coisas se inverteram comparando com meus tempos iniciais e didáticos nos quadrinhos; antigamente filmes e principalmente desenhos animados eram ferramentas das editoras para agregar novos leitores, e tudo funcionava bem. Conheci Batman e Cia com o seriado de 1966, minha introdução no universo DC foi com Superamigos da Hanna-Barbera; a Marvel entrou em minha vida com os seus famosos primeiros desenhos desanimados, etc.; e por gostar disso tudo fui levando aos quadrinhos quando comecei aprender a ler. 

Mas vejo hoje o processo inverso, onde cada vez mais outras mídias como o Cinema, TV, Games e até Toys ditam o sucesso inicial, e os quadrinhos são um veículo derivado dessas mídias que servem para manter as mesmas ativas junto aos fãs das franquias entre uma produção e outra. Daí exemplos como vemos na Marvel, que penso deverá seguir mesmo seu universo cinematográfico em linhas editoriais, a DC logo deve embalar na mesma onda com séries de TV que estão agradando como Arrow e logo mais Flash

Temos o surgimento cada vez maior de HQs derivadas de games, como Batman: Arkham City, Injustice: Gods Among Us, Halo, Assassin's Creed, Gears of War, World of Warcraft, God of War, etc...

Além das já tradicionais HQs criadas para promover franquias originais dos Toys como Masters of the Universe, Transformers, G.I. Joe entre outras.
Presumo que assim será o futuro dos quadrinhos, em tempos em que cada vez mais há jovens que não gostam de ler, e com tantas opções de entretenimento disponíveis, as HQs serão mesmo apenas um instrumento promocional para os segmentos de filmes, desenhos, games e brinquedos, mídias que no passado promoviam as HQs tanto ou mais que elas mesmas.